IL VIAGGIO
concepção e coordenação geral do projeto Helena Cerello
livre adaptação Marcelo Rubens Paiva
argumento da livre adaptação Marcelo Rubens Paiva, Helena Cerello e Pedro Granato.
roteiro Federico Fellini
direção Pedro Granato
elenco Esio Magalhães, Paula Cohen, Helena Cerello, Paula Flaiban, Paulo Federal e Ed Moraes.
direção de arte Usina da Alegria Planetária
equipe de criação Renato Bolelli Rebouças, Beto Guilger e Vivianne Kiritani.iluminação Alessandra Domingues
trilha sonora Marcelo Pellegriniassistência de direção e preparação corporal Beatriz Morelli
vídeo Quelany Vicente
arte do material gráfico Ivald Granato
assessoria de imprensa Arteplural
duração 85 minutos
censura 14 anos
Texto
de Marcelo Rubens Paiva, a partir de concepção de Helena Cerello, é
inspirado em roteiro inédito do cineasta italiano. A temporada itinerante do
espetáculo pretende conquistou platéias com a atmosfera lúdica e cômica.
Após temporada paulistana, o espetáculo IL VIAGGIO fez apresentações no interior e litoral paulista.
Na trama, o violoncelista Mastorna embarca em um avião a caminho de uma apresentação da orquestra em que toca. Por conta de uma tempestade de neve, a aeronave é obrigada a fazer um pouso de emergência em uma cidade desconhecida. A partir daí, personagens misteriosos conduzem Mastorna a uma viagem de sonho.
Após temporada paulistana, o espetáculo IL VIAGGIO fez apresentações no interior e litoral paulista.
Na trama, o violoncelista Mastorna embarca em um avião a caminho de uma apresentação da orquestra em que toca. Por conta de uma tempestade de neve, a aeronave é obrigada a fazer um pouso de emergência em uma cidade desconhecida. A partir daí, personagens misteriosos conduzem Mastorna a uma viagem de sonho.
A montagem é uma livre
adaptação para teatro do roteiro cinematográfico inédito Il Viaggio di G.
Mastorna, de FEDERICO FELLINI, desenvolvido pelo dramaturgo Marcelo
Rubens Paiva, a partir de concepção proposta pela atriz e produtora Helena
Cerello, com direção de Pedro Granato. No palco, atores de vários
grupos: Esio Magalhães (Barracão Teatro), Helena Cerello e Paula
Flaiban(Le Plat du Jour), Paulo
Federal (Jogando no Quintal), Ed Moraes (Companhia dos
Inquietos) e Paula Cohen.
“A peça teve uma ótima repercussão na temporada paulistana. Fãs da sétima arte identificaram o universo de Fellini nas cenas. IL Viaggio faz uma ponte entre o mundo do cinema e do teatro, contemplou vários públicos. Esse espetáculo é um convite para viver a vida, trata da questão da morte sob a ótica do humor do palhaço (clown). Atinge pessoas de todas as idades com a atmosfera lúdica e cômica, além de trazer uma reflexão”, conta a atriz e idealizadora Helena Cerello.
Em 1965,
Federico Fellini teve a ideia de realizar o filme Il viaggio di G.
Mastorna, sobre a história de um violoncelista, mas o projeto nunca chegou a
ser realizado. A história é um pretexto para realizar uma reflexão sobre a vida
e a morte. Depois de sofrer o acidente, Mastorna embarca em uma trajetória entre
o real e a fantasia, talvez em uma aventura, por intermédio dessa experiência
traumática, por sua própria vida e suas lembranças.
A peça se
desenvolve com referência visual estética de Fellini. Traz cenas clownescas,
bufas, líricas e técnicas de teatro físico, levando o público, por meio do
humor, à reflexão sobre temas como a esperança, a morte e o eterno e ridículo
desejo de compreender os mistérios que rondam a natureza humana.
“Fellini sempre falava que seus roteiros são viagens e acho que por isso a peça ficou Il Viaggio. Um caminho que o personagem vai percorrer. Uma viagem para dentro de si mesmo, sua vida. Se é uma viagem que ele realizou e teve seus percalços... vamos deixar isso em aberto”, fala o diretor.
“Fellini sempre falava que seus roteiros são viagens e acho que por isso a peça ficou Il Viaggio. Um caminho que o personagem vai percorrer. Uma viagem para dentro de si mesmo, sua vida. Se é uma viagem que ele realizou e teve seus percalços... vamos deixar isso em aberto”, fala o diretor.
As
histórias e os desafios do diretor Pedro Granato
Il Viaggio foi escrito por Fellini como uma narrativa, uma viagem com muitos becos sem saída. Como transportar um roteiro de cinema, com sua característica espetacular, de grande acontecimento, um acidente de avião, com 18 espaços descritos e assumir o jogo teatral, foi o grande desafio do diretor.
“Não precisávamos abrir mão das ideias do texto para contar a história na linguagem teatral; então, assumimos que o avião se desmembra, e, a partir desse cenário, vão se construindo os espaços citados no roteiro”, explica Pedro, complementando que “do momento do desastre em diante, tudo se cria para aguçar a imaginação do publico”.
Não se trata de uma peça realista. Os espaços não são descritivos. Um pedaço de avião vira a portaria de um hotel. Um letreiro lembra um inferninho. As referências são mescladas na construção de cada espaço.
Pedro Granato conta: “Na pesquisa para conseguir dar essa amarração usamos a referencia da Divina Comédia, de Dante, que foi muito importante para o Fellini. São coisas que estão claramente na peça, como uma base para contar a historia. A travessia da figura pelo inferno, pelo purgatório, pelo céu, até sua emancipação. Muito mais irônica e anárquica, sem o ponto de vista religioso da Divina Comédia.”
De acordo com o diretor, “a jornada desse herói é uma grande travessia para dentro de si mesmo, de sua vida, um caminho que o personagem percorre. Trabalhamos essa trajetória no maior número de camadas possível. Então, o público pode ler como um acidente, uma descida ao inferno ou uma viagem pela própria existência”.
Il Viaggio foi escrito por Fellini como uma narrativa, uma viagem com muitos becos sem saída. Como transportar um roteiro de cinema, com sua característica espetacular, de grande acontecimento, um acidente de avião, com 18 espaços descritos e assumir o jogo teatral, foi o grande desafio do diretor.
“Não precisávamos abrir mão das ideias do texto para contar a história na linguagem teatral; então, assumimos que o avião se desmembra, e, a partir desse cenário, vão se construindo os espaços citados no roteiro”, explica Pedro, complementando que “do momento do desastre em diante, tudo se cria para aguçar a imaginação do publico”.
Não se trata de uma peça realista. Os espaços não são descritivos. Um pedaço de avião vira a portaria de um hotel. Um letreiro lembra um inferninho. As referências são mescladas na construção de cada espaço.
Pedro Granato conta: “Na pesquisa para conseguir dar essa amarração usamos a referencia da Divina Comédia, de Dante, que foi muito importante para o Fellini. São coisas que estão claramente na peça, como uma base para contar a historia. A travessia da figura pelo inferno, pelo purgatório, pelo céu, até sua emancipação. Muito mais irônica e anárquica, sem o ponto de vista religioso da Divina Comédia.”
De acordo com o diretor, “a jornada desse herói é uma grande travessia para dentro de si mesmo, de sua vida, um caminho que o personagem percorre. Trabalhamos essa trajetória no maior número de camadas possível. Então, o público pode ler como um acidente, uma descida ao inferno ou uma viagem pela própria existência”.
Os atores e
seus personagens
O elenco é constituído de um coletivo independente de atores profissionais, oriundos de diferentes grupos teatrais de São Paulo, cujas trajetórias estão em grande parte ligadas ao universo do palhaço, do teatro de rua, da improvisação e do circo.
Idealizadora do projeto, a atriz e produtora Helena Cerello - junto com o diretor Pedro Granato – convidou atores com quem tivesse afinidade de trabalho. Ambos buscavam profissionais que tivessem relação com o universo do palhaço, do bufão e facilidade na criação de personagens físicos. Para Pedro Granato, “o perfil de cada um também contou muito, pois o próprio Fellini fazia diversos testes e convocatórias com pessoas para descobrir rostos e tipos surpreendentes”.
Helena Cerello atua como a aeromoça que acompanha Mastorna e tem referência nas amantes dos filmes de Fellini, com seu jeito intenso, louco e apaixonado.
Paula Cohen faz uma aeromoça rude, compõe o par como um palhaço branco. Representa autoridades e um contraponto feminino mais amargurado. Paula Flaiban representa tipos loucos, mulheres grandes, os fetiches tão abundantes na obra de Fellini.
Ésio Magalhães interpreta Mastorna, protagonista da história. Ridículo em sua vontade de ser um sujeito comum, um homem que se transforma ao longo de sua viagem.
Ed Moraes interpreta diversos tipos, pequenos canalhas, trapaceiros, figuras que buscam se aproveitar da confusão de Mastorna. Faz mais de 11 personagens na peça.
Paulo Federal interpreta o Ancião, um bufão marginalizado que conduz a trajetória de ruptura de Mastorna, além de outros personagens patéticos.
“Muitos já se conheciam e trabalhavam entre si em diversos projetos. Estão há meses mergulhados nas obras cinematográficas, escritos e desenhos de Fellini”, conta Helena.
A história tem como condutoras as aeromoças, que vão guiando e atrapalhando Mastorna em seu trajeto. Pedro Granato informa que o fio condutor da peça é um bufão, um cara que vai anarquizar, quebrar as regras, que está à margem, ri de si mesmo. “Isso revela muito do universo de Fellini.”
O diretor ressalta que eles não foram fiéis ao que Fellini escreveu. “Criamos a partir disso e estamos fiel à obra dele como um todo. Assistimos todos os filmes. Algumas cenas remetem a filmes de Fellini, como Casanova e Amarcord, por exemplo. Estamos trabalhando totalmente inspirados pela ótica de Fellini.
O elenco é constituído de um coletivo independente de atores profissionais, oriundos de diferentes grupos teatrais de São Paulo, cujas trajetórias estão em grande parte ligadas ao universo do palhaço, do teatro de rua, da improvisação e do circo.
Idealizadora do projeto, a atriz e produtora Helena Cerello - junto com o diretor Pedro Granato – convidou atores com quem tivesse afinidade de trabalho. Ambos buscavam profissionais que tivessem relação com o universo do palhaço, do bufão e facilidade na criação de personagens físicos. Para Pedro Granato, “o perfil de cada um também contou muito, pois o próprio Fellini fazia diversos testes e convocatórias com pessoas para descobrir rostos e tipos surpreendentes”.
Helena Cerello atua como a aeromoça que acompanha Mastorna e tem referência nas amantes dos filmes de Fellini, com seu jeito intenso, louco e apaixonado.
Paula Cohen faz uma aeromoça rude, compõe o par como um palhaço branco. Representa autoridades e um contraponto feminino mais amargurado. Paula Flaiban representa tipos loucos, mulheres grandes, os fetiches tão abundantes na obra de Fellini.
Ésio Magalhães interpreta Mastorna, protagonista da história. Ridículo em sua vontade de ser um sujeito comum, um homem que se transforma ao longo de sua viagem.
Ed Moraes interpreta diversos tipos, pequenos canalhas, trapaceiros, figuras que buscam se aproveitar da confusão de Mastorna. Faz mais de 11 personagens na peça.
Paulo Federal interpreta o Ancião, um bufão marginalizado que conduz a trajetória de ruptura de Mastorna, além de outros personagens patéticos.
“Muitos já se conheciam e trabalhavam entre si em diversos projetos. Estão há meses mergulhados nas obras cinematográficas, escritos e desenhos de Fellini”, conta Helena.
A história tem como condutoras as aeromoças, que vão guiando e atrapalhando Mastorna em seu trajeto. Pedro Granato informa que o fio condutor da peça é um bufão, um cara que vai anarquizar, quebrar as regras, que está à margem, ri de si mesmo. “Isso revela muito do universo de Fellini.”
O diretor ressalta que eles não foram fiéis ao que Fellini escreveu. “Criamos a partir disso e estamos fiel à obra dele como um todo. Assistimos todos os filmes. Algumas cenas remetem a filmes de Fellini, como Casanova e Amarcord, por exemplo. Estamos trabalhando totalmente inspirados pela ótica de Fellini.
Sobre a
adaptação
Helena Cerello diz que encontrou o livro A Viagem de Mastorna, na Itália. “Partimos do argumento - o personagem vai fazer uma viagem, o avião pousa numa cidade estranha onde acontecem coisas que o levam a uma descoberta. A partir de então, fugimos do roteiro original.” Segundo Helena, Fellini retratava todos os sonhos e pesadelos como uma espécie de diário. E nesse livro tem sua carta para o produtor Dino de Laurentis, onde Fellini contava como imaginava o filme.
Sobre sua adaptação, Marcelo Rubens Paiva conta ter partido do romance. “Priorizei a história do músico que queria ser um grande compositor, mas a vida foi passando e ele virou apenas um instrumentista que toca violoncelo.” Para a dinâmica teatral, junto com o diretor, Marcelo repensou o texto em algumas leituras com os atores. De acordo com Marcelo, o espetáculo é uma homenagem a Fellini e a aos italianos da cidade de São Paulo.
Sobre Federico Fellini
Na obra de Fellini é muito presente a narrativa não linear. Com sequências que por si mesmas carregam sua poesia e que ao final, somadas resultam em um sentido que vai muito além delas. Essa habilidade de contar histórias, aliada a genialidade de criar personagens, sempre aproximou o cinema de Fellini à maneira artesanal de se expressar, o teatro e o circo. Seus tipos excêntricos sempre produziram empatia.
Do malandro à prostituta, dos palhaços sem graça aos burgueses entediados. Para além de um realismo duro, Fellini se expressava de maneira muito singular, onde a fragilidade dos pobres era impressa com cores tão tristes quanto singelas. Havia quem o acusasse de pequeno burguês pela delicadeza e doçura que retratava a miséria. Mas ele estava acima de rótulos. Não era comunista, nem fascista. Nem cristão, nem ateu. Era adepto da subjetividade da realidade, era fiel à faceta mais emocional da humanidade.
Helena Cerello diz que encontrou o livro A Viagem de Mastorna, na Itália. “Partimos do argumento - o personagem vai fazer uma viagem, o avião pousa numa cidade estranha onde acontecem coisas que o levam a uma descoberta. A partir de então, fugimos do roteiro original.” Segundo Helena, Fellini retratava todos os sonhos e pesadelos como uma espécie de diário. E nesse livro tem sua carta para o produtor Dino de Laurentis, onde Fellini contava como imaginava o filme.
Sobre sua adaptação, Marcelo Rubens Paiva conta ter partido do romance. “Priorizei a história do músico que queria ser um grande compositor, mas a vida foi passando e ele virou apenas um instrumentista que toca violoncelo.” Para a dinâmica teatral, junto com o diretor, Marcelo repensou o texto em algumas leituras com os atores. De acordo com Marcelo, o espetáculo é uma homenagem a Fellini e a aos italianos da cidade de São Paulo.
Sobre Federico Fellini
Na obra de Fellini é muito presente a narrativa não linear. Com sequências que por si mesmas carregam sua poesia e que ao final, somadas resultam em um sentido que vai muito além delas. Essa habilidade de contar histórias, aliada a genialidade de criar personagens, sempre aproximou o cinema de Fellini à maneira artesanal de se expressar, o teatro e o circo. Seus tipos excêntricos sempre produziram empatia.
Do malandro à prostituta, dos palhaços sem graça aos burgueses entediados. Para além de um realismo duro, Fellini se expressava de maneira muito singular, onde a fragilidade dos pobres era impressa com cores tão tristes quanto singelas. Havia quem o acusasse de pequeno burguês pela delicadeza e doçura que retratava a miséria. Mas ele estava acima de rótulos. Não era comunista, nem fascista. Nem cristão, nem ateu. Era adepto da subjetividade da realidade, era fiel à faceta mais emocional da humanidade.